Pedro Pereira Neto
Em França, um conjunto de eventos de gravidade e consequência significativas, em contexto europeu, estão em curso.
Começo por destacar a expressão “em contexto europeu”, pois infelizmente, por acção ou omissão nossa, cívica, a realidade extraordinária desta noite em Paris é… a realidade diária de diversos países nos quais as nações europeias têm interesse e intervenção.
Em segundo lugar, impressiona-me sempre pela negativa a facilidade com que eventos desta natureza revelam o verdadeiro carácter de cada um e de cada uma. Em alguns e algumas, suscita solidariedade, preocupação, disponibilidade para apoio. Noutras e noutros, infelizmente, legitima e permite afirmar com toda a naturalidade o pior da sua visão generalizadora, desinformada, discriminatória e profundamente xenófoba. Já li, por exemplo, relações inacreditáveis este esta situação e a ajuda a refugiados neste momento em curso. Tudo serve para exercitar o músculo do nosso racismo escondido.
FInalmente, o principio de abordagem é, para mim, sempre o mesmo: a quem beneficiará isto no medio prazo? O que tornará mais fácil ou aceitável que seja feito? De que liberdades ou de que partes do Estado de Direito se pretende que nos disponibilizemos a abdicar?
É importante ter presente esta recorrência histórica: quanto mais organizados são os eventos, menos plausível é que tenham a autoria que corremos a atribuir-lhe. E é de lucidez, e não de emotividade, que as reacções a situações de extremo devem ser feitas.
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